Aninhada dentro do cânone do rock and roll, existe uma balada atemporal dos Rolling Stones que Mick Jagger, a personificação do rock, canta, mas não entende completamente o que significa. Vamos mergulhar nessa história fascinante de “Let it Loose”, uma joia musical extraída do álbum “Exile on Main St.”, e por que ela encarna a essência crua do rock dos Rolling Stones.
Com um pedigree britânico forte, The Rolling Stones lançou seu décimo álbum de estúdio, “Exile on Main St.”, em 1972. Para os conhecedores de música, este álbum não é apenas mais um na discografia dos Stones; é um marco na sua jornada musical, que foi gravado durante um período turbulento da banda. Apesar da controvérsia fiscal que os forçou ao exílio na França, a banda nunca parou de criar música excepcional. Para entender melhor esse período tumultuado, leia o texto “A História Impopular dos Rolling Stones – Parte 36 – Exílio em Nellcôte”.
“Exile on Main St.” é uma tapeçaria sonora rica, tecida com várias influências musicais, como rock, blues, country, soul e gospel. As raízes francesas sobretudo podem ser rastreadas até a Villa Nellcôte, uma casa alugada onde a banda gravou o álbum, infundindo-o com uma atmosfera cru e rústica. Este espírito influenciou a sonoridade do disco e permeou as letras, que variam de amor e solidão a vícios, decadência e desilusão. Essa música, impregnada das experiências pessoais da banda, captura principalmente a essência dos Rolling Stones em um de seus momentos mais criativos.
Em meio ao enxame de sons fantásticos que emanam de “Exile on Main St.”, “Let it Loose” se destaca como a canção que fecha o Lado 3 do álbum. A música, uma criação conjunta de Mick Jagger e Keith Richards, é como uma balada emocional de gospel blues com fervor religioso. Era uma época em que Jagger frequentava as cerimônias do Reverendo James Cleveland e ficou impressionado com o canto do coral gospel, essa música representa uma das incursões mais marcantes da banda no soul e gospel.
Quanto à letra de “Let it Loose”, muitos a interpretam como a história de um homem enredado em uma relação com uma mulher que, ele sabe, irá partir seu coração. Embora o relacionamento possa ser mais do que ele consegue lidar, a solidão e a necessidade de escapar de outros problemas fazem com que ele não consiga resistir a ela. Ela pode não ser a pessoa certa para ele, e ele não pode estar apaixonado por ela, mas ainda assim ele pede para conter as lágrimas e deixar acontecer – usar o sexo como uma forma de escapar.
Apesar de ser um dos co-autores da música, Mick Jagger admitiu em uma entrevista à revista Uncut em 2010 que ele não entende completamente a letra. “Acho que o Keith escreveu essa, na verdade. É uma música muito estranha e difícil. Eu tinha uma série de letras diferentes para ela que acabaram se perdendo. Não acho que essa música tenha algum significado aparente. É uma daquelas músicas que se perdem em divagações. No fim das contas, eu realmente não entendi sobre o que ela fala”.
E aí reside a beleza misteriosa de “Let it Loose”. Mesmo o lendário Mick Jagger, cuja voz dá vida à música, admite que o significado da canção é algo que escapa à sua compreensão. Como resultado, “Let it Loose” permanece como um enigma encantador que continua a cativar os ouvintes com sua melodia emocionante e letras abstratas. E talvez seja isso que a música – e o rock and roll em geral – seja tudo. É uma forma de expressão que não precisa ser completamente compreendida para ser apreciada. “Let it Loose” é a prova viva dessa verdade.
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