Conheça mais sobre o álbum histórico do Led Zeppelin.
Um álbum sem nomes nem título e apenas com símbolos. O Led Zeppelin inovou em 1971 naquele que se tornou um dos seus maiores sucessos.
Após o lançamento de Led Zeppelin III em 1970, alguns críticos musicais, que não se impressionaram tanto com o som apresentado no LP, sugeriram que qualquer álbum venderia bem, desde que o nome da banda estivesse na capa.
O guitarrista Jimmy Page, no entanto, preferiu desafiar essa lógica com uma abordagem diferente. O álbum não levaria nem o nome da banda nem o título do LP, mas sim quatro recursos visuais, que todo rockeiro hoje conhece.
“Depois de toda essa merda que tivemos com os críticos, eu disse a todo mundo que seria uma boa ideia publicar algo totalmente anônimo”, afirmou Page à ‘Trouser Press’ em 1977. “No início, eu queria apenas um símbolo, mas depois foi decidido que, como era o nosso quarto álbum e éramos quatro, cada um de nós poderia escolher o seu próprio símbolo. Eu desenhei o meu, e todos os outros tinham suas próprias razões para usar os símbolos que usaram.”
Apesar de não ter recebido nenhum título oficial, o álbum de 1971 ficou conhecido como Led Zeppelin IV. Como a gravadora era contra lançar um álbum sem título, a banda afirmou que só entregaria as fitas master se a gravadora concordasse em soltar o LP do jeito que a banda desejava. A capa interna não incluía o nome de nenhum dos integrantes da banda, apenas um crédito de produção para Page e os símbolos.
O desenho de Page
O símbolo de Page tem uma aparência mais complexa. “Muitas pessoas confundiram-se com a palavra ZoSo. O que é uma pena, porque não era para ser uma palavra, mas algo totalmente diferente”, contou o guitarrista.
Os fãs presumiram diferentes significados para o símbolo. Algumas teorias apontaram para o símbolo de Saturno, o planeta que rege o signo astrológico de Capricórnio de Page. Outras pessoas perceberam uma referência às drogas (pelo o que aparece na parte inferior do símbolo, como se fosse um ‘cachimbo’).
“Uma vez, Page me chamou de lado e disse: ‘Vou lhe contar o significado disso uma vez, e depois nunca mais mencionarei isso'”, afirmou Robert Plant. O cantor, no entanto, já esqueceu o que o guitarrista disse a ele, e Page nunca explicou o design escolhido.
O símbolo de Plant
Se Robert Plant não se lembra do significado do símbolo do companheiro, o do dele tem uma explicação. “Meu símbolo foi desenhado a partir de símbolos sagrados da antiga civilização Mu, que existia 15.000 anos atrás como parte de um continente perdido”, contou.
O termo “Mu” foi usado pela primeira vez pelo arqueólogo Augustus Le Plongeon, que usou a “Terra de Mu” como um nome alternativo para Atlântida. Mas, segundo geólogos, a existência de Mu não tem qualquer base factual.
A pena no centro do desenho de Plant é mais frequentemente ligada à Ma’at, a deusa egípcia da verdade, justiça e equilíbrio.
Os outros símbolos do álbum
Tanto o símbolo do baixista John Paul Jones quanto do baterista John Bonham têm a mesma fonte: O ‘Livro dos Sinais’, de Rudolf Koch.
Ao folhear as páginas do livro, John Paul Jones se deparou com o símbolo, que tem origem celta e gaélica. A versão que viu, que simboliza uma pessoa que possui confiança e competência, incluía um círculo em torno.
Já o desenho com três círculos interligados, escolhido por John Bonham, representa a sagrada trindade: mãe, pai e filho, que também refletia o status de família do baterista na época com sua esposa e filho, Pat e Jason.
Símbolo extra
A capa interna do álbum contou com um símbolo adicional, em reconhecimento a um dos dois colaboradores do LP, Sandy Denny, que cantou em ‘The Battle of Evermore’ (a única música que o Led Zeppelin já gravou com um vocalista convidado). Não sabemos até hoje se foi o próprio Denny quem escolheu o desenho.
Para a história
Os famosos símbolos apareceram depois em outros lugares. O de Page esteve na capa interna do álbum solo de Plant de 1988, Now and Zen, assim como na capa do LP de colaboração de Page com o Black Crowes , Live at the Greek. O símbolo de Jones pode ser visto na capa de seu primeiro álbum solo, Zooma, de 1999, enquanto o símbolo de Bonham pode ser visto na bateria que seu filho usa. Já Robert Plant ainda usa regularmente seu símbolo em turnês.
Mesmo apenas com símbolos, o álbum Led Zeppelin IV dominou as paradas e se tornou o álbum mais vendido da carreira da banda. “Depois de um ano de ausência dos discos e das turnês, lembro-me de um agente nos dizendo que foi um suicídio profissional. Acontece que tínhamos muita fé no que estávamos fazendo”, disse Page.